23 julho, 2012

A RUA, O MITO DE SÍSIFO E O ABSURDO

Pelas minhas andanças, cibernéticas ou não, pelo universo musical brasileiro e pernambucano, deparei-me com uma banda pernambucana, com um nome pouco impactante – Rua. Rua pode ser qualquer lugar, qualquer coisa. Banda Rua. Ao ouvir uma entrevista da banda para o programa No Ar: Coquetel Molotov, achei os sujeitos bem pedantes. E, como meu objeto de tese é o indie rock nacional, identifiquei logo aquela postura hipster que eu costumo chamar de mito da superioridade intelectual que todo indie que é indie mesmo acredita possuir. O álbum, primeiro da banda, chama-se Rua do Absurdo, ou apenas Do Absurdo. Inspirado nada mais nada menos, segundo os próprios integrantes da banda, no Mito de Sísifo e o Absurdo de Albert Camus, o que atesta a minha hipótese acima apresentada. E como aspirante à pesquisadora que sou, fui fuçar a rede para conhecer mais coisas. Encontrei a página da banda, e felizmente todo o álbum para ouvir em streaming. Em outro material, dessa vez um vídeo, dirigido por Diogo Luna, Ensaio sobre o Absurdo, um dos membros da banda tenta traduzir verbalmente a sensação que o álbum provoca. “Do absurdo começa com uma bad trip. Nesse dia, cheguei à ironia. E, como conseqüência da ironia, senti a morte [...]. Do Absurdo surge com uma vontade de criar que só é possível quando você se sente morto”. O álbum é, de fato isso, um mix de bad trip com absurdo, mas é também minimalismo e experimentação. A primeira canção, No Mínimo Era Isto, não poderia ser mais minimalista. Logo após, na primeira audição das demais canções me ocorreu a sensação de que seria mais um álbum lugar-comum-pernambucano, com aquele monte de referências ao folclore, sobretudo nas faixa 4, Afeiçoado, e 6, Um Dia Estranho, canções com cara de sertão. De resto, muita experimentação, minimalismo e boa música, ora samba, jazz, trip hop. Destaques para Todalegria, Às Bolas de Gude (a mais executada na playlist), Pronome e Página 6. De resto, só mesmo o fato de que toda crítica é sempre subjetiva.

28 maio, 2012

NÃO É QUE EU VÁ DESMERECER A OVERDOSE DE ALGUÉM

Depois de um bom tempo sem frequentar qualquer tipo de balada, resolvi ir à festa de comemoração dos vinte anos da Soparia. Não exatamente pela Soparia e Roger de Renor, e sim pela principal atração da noite, Wander Wildner, o Rei do Punk Brega – e sobre quem eu apresentei um trabalho no último Congresso da Alas – acompanhado da Caravana do Delírio. Meu marido estava empolgadíssimo pela festa depois de ter ido comprar os ingressos no Clube Líbano e ter visto a decoração temática. Chegamos super cedo. E confesso que fiquei chocada com o público. Nossa, como aquelas pessoas haviam envelhecido. O pior, enquanto eu estava em busca de novidade, a maioria estava a fim de revival, de viver novamente a época da jukebox da Soparia. Começou a me bater um tédio, uma moleza ao ponto de me retirar da festa e ir dormir no carro. Enquanto isso as pessoas curtindo a maior vibe do reencontro. Quando voltei o show da Má Companhia estava para começar. Até que deu pra dançar um pouquinho o que aquele grupo chama de rock and roll de verdade. E eu que nasci e me criei na “tradição” do Velvet Underground, passando por Patti Smith, Iggy Pop, David Bowie, Smiths, Pixies, Blur, Strokes, etc., etc., até chegar em Beitut e Wander Wildner, não pude acreditar como gostar de rock – do bom e velho rock and roll – poderia ser atitude tão careta. E, citando, literalmente, A Caravana do Delírio, não é que eu vá desmerecer a overdose de alguém, mas é uma pena ver tanta gente se prendendo a um passado que não volta mais. Isto ficou nítido quando, finalmente, depois de muito massacre, Wander Wildner estava lá junto com A Caravana do Delírio. Aqueles que estavam achando o máximo dançar Pink Floyd correram como o diabo foge da cruz. Tinha um casal do meu lado, desses metidos à cabeça, que no auge do seu etnocentrismo passaram a associar a qualidade musical de Wander Wildner à seu pivô (se referindo à dentição dele). Meu Deus! Pivô, eu nem lembrava mais dessa palavra! Um povo que ficou incomodadíssimo em ver aquela mistura de punk e brega, mas que não arredava o pé do frontstage. Eu, por minha vez, me esgoelava e descabelava (no modo de dizer, porque nem cabelo pra descabela eu tenho) e provocava a velharada cabeça (pelo menos os que restaram porque boa parte foi embora) que assistia ao show chocada e incomodada. Bom mesmo foi quando umas meninas subiram ao palco para executar performances ao som da música, no melhor estilo punk de interação público/artista. Ainda bem que depois das 3 da manhã, quanto a mim, foi fruição total. Perdoem-me o meu também etnocentrismo, mas, usando o bom portunhol Wanderwildnês: hay que envelhecer, pero sin ficar ultrapassado jamás! Boa semana e aproveita o player com a minha "tradição"!

28 janeiro, 2012

NINGUÉM ESCOLHE SOFRER POR AMOR!

Agora os sites de fofoca estão empenhadíssimos em detonar Demi Moore. Hoje li em algum lugar na internet que ela havia sido internada porque teria fumado alguma coisa que não fosse maconha. Bom, considerando que a notícia era um pouco maldosa, a afirmação parece sugerir que ela havia fumado crack (só pode!). Que outra coisa ela teria fumado (do ponto de vista maldoso) que não fosse maconha que pudesse ter-lhe provocado o internamento? Orégano?
Mas a questão não é se ela fumou crack, maconha ou orégano. O problema é o foco que a mídia quer dar à separação dela do ator (de segundo escalão) Ashton Kutcher. Aliás, o problema está na tentativa da mídia em mostrar quanto um homem pode fazer falta a uma mulher. Até Demi Moore, sex simbol nos anos 1990.
Já faz alguma tempo que a mídia vem registrando a sua magreza, o seu stress, que, segundo a mesma mídia, seria decorrente dos problemas conjugais causados pelas traições de seu marido (agora ex) anos mais novo, Ashton Kutcher. E agora, a mídia me vem com essa. Se drogando porque perdeu o macho!
Ninguém sabe, ou ninguém mostra, que até se casar com Demi, Ashton tinha um corte de cabelo pra lá de brega, um gosto duvidoso por loiras e usava umas roupas nada elegantes. Esse porte de agora, ele adquiriu com Demi. A popularidade também. Isso eu sei, porque já cheguei até a colecionar suas fotos (meu Deus!).
A mídia falaciou a história. A sortuda não era a Demi Moore que tava pegando o Ashton. Era o Ashton que tava pegando a Demi Moore. E provou que não tem cacife.